terça-feira, 23 de abril de 2013

A arte romana

Fonte: Descobrindo a História da arte - Graça Proença

Os romanos receberam dos etruscos a ideia de que a arte deve expressar a realidade vivida. Dos gregos, herdaram a visão de que a arte deve expressar um ideal de beleza.
A arquitetura dos etruscos revela um espírito construtivo e influenciou muito a arquitetura romana; a pintura e a escultura eram, para os etruscos, complementos da arquitetura, principalmente dos templos e túmulos. 


Sarcófago dos esposos (c.520 a.c.). Arte Etrusca


O Sarcófago dos Esposos (em italiano: Sarcofago degli Sposi) é um sarcófago antropóide etrusco do final do século VI a.C.. Tem 1,14 m de altura por 1,9 m de extensão, e é feito de terracota que uma vez esteve brilhantemente pintado. Representa um casal reclinando em um banquete junto no além-túmulo e foi encontrado em escavações do século XIX na necrópole de Cerveteri (antiga Caere). Está agora no Museu Nacional Etrusco de Villa GiuliaRoma. A representação do casal compartilhando um divã de banquete é exclusivamente etrusca; em contraste, vasos gregos representando cenas de banquete refletem o fato que apenas homens compareciam às festas de jantar gregas.
Os rostos sorridentes com seus olhos de forma amendoada e o cabelo longo e trançado, bem como a forma dos pés da cama, revelam influência grega. Porém, o contraste marcante entre os bustos em alto-relevo e as pernas bem achatadas é tipicamente etrusco. "O interesse do artista etrusco se focava sobre a metade superior das figuras, especialmente sobre os rostos vibrantes e braços gesticulantes." É muito semelhante ao sarcófago de Cerveteri, talvez feito pelo mesmo artista.



A escultura

A escultura é uma forma interessante de observar a influência de etruscos e gregos. Realistas e práticos como os etruscos, os romanos produziram na escultura figuras muito próximas da pessoa retratada. Como os gregos, procuraram também manifestar em suas obras uma beleza humana ideal. A preocupação dos escultores romanos em representar figuras de fácil identificação é notada também nos relevos de monumentos comemorativos.



Coluna de Trajano - detalhe



Coluna de Trajano

Esta obra do século I da era cristã, narra as lutas do imperador e dos exércitos romanos na Dácia, atual região da Romênia. O imenso número de figuras em relevo faz dela um importante documento histórico em pedra. E o monumento tem também um grande valor artístico. 



Augusto de Prima Porta (c. 19 a.c.)

Augusto de Prima Porta é uma estátua do imperador romano Augusto que foi descoberta em 20 de abril de 1863 na Villa de Augusto,Prima PortaRoma. Atualmente está a mostra no Braccio Nuovo nos Museus Vaticanos.
A estátua, baseada no Doríforo de Policleto do século V a.C., é uma imagem idealizada de Augusto, foi talhada em mármore e estava na casa de Lívia Drusa, esposa do imperador. Ainda contém alguns resquícios de tintas douradas, púrpuras, azuis e outras cores com as quais ela foi policromada.

A arquitetura


A arquitetura da Roma Antiga é um importante legado da civilização romana para o mundo ocidental. Embora às vezes considerada como derivada da arquitetura grega, diferenciou-se por características próprias. Alguns autores agrupam ambos estilos designando-os por arquitetura clássica.
Alguns tipos de edifícios característicos deste estilo propagaram-se por toda a Europa, nomeadamente o aqueduto, a basílica, uma grande rede de estradas, a domus(residência), arcos do triunfo e o Panteão. Os monumentos romanos se caracterizam pela solidez; aprenderam com os etruscos o emprego do arco, assim como a abóbada ou teto curvo, que os gregos e egípcios não conheceram. Construíram também catacumbasfontesobeliscospontes e templos.
A longevidade e a extensão do Império Romano explicam o porquê de monumentos e edificações serem tão notáveis e numerosos em comparação com outras civilizações antigas. Construções importantes foram executadas na época da República e do Império. O Panteão, por exemplo, atravessou os séculos e chegou à atualidade em bom estado de conservação. O local, cujo diâmetro da planta baixa é igual à altura da cúpula, erguido para servir de morada dos deuses, representa um dos marcos da engenharia e arquitetura romanas.
As estradas construídas pelos romanos também revelam técnicas sofisticadas de construção. É o caso da Via Appia, a mais famosa das estradas que saíam de Roma. Outro ponto de destaque da arquitetura da época são os aquedutos, exemplo da associação entre construção e funcionalidade. Eles propiciaram o abastecimento das cidades antigas com a chegada de água originária de colinas e montanhas a mais de 80 quilômetros de distância.
Algumas características da arquitetura da Roma antiga ainda hoje são usadas. Os aquedutos continuam a fornecer água para algumas vilas modernas. As abóbadas instaladas desde os tempos da Antiguidade Clássica pelos romanos ainda compõem alguns núcleos de casas. E o cimento, que começou a ser usado na época da República de Roma, ainda é importante elemento de construção.

O Coliseu
O Coliseu, também conhecido como Anfiteatro Flaviano ou Flávio (em latimAmphitheatrum Flavium), é um anfiteatro construído no período da Roma Antiga. Deve seu nome à expressão latina Colosseum (ou Coliseus, no latim tardio), devido à estátua colossal do imperador romano Nero, que ficava perto da edificação. Localizado no centro de Roma, é uma exceção de entre os anfiteatros pelo seu volume e relevo arquitetônico. Originalmente capaz de abrigar perto de 50 000 pessoas , e com 48 metros de altura, era usado para variados espetáculos. Foi construído a leste do Fórum Romano e demorou entre oito a dez anos a ser construído.
O Coliseu foi utilizado durante aproximadamente 500 anos, tendo sido o último registro efetuado no século VI da nossa era, bastante depois da queda de Roma em 476. O edifício deixou de ser usado para entretenimento no começo da Idade Média, mas foi mais tarde usado como habitação, oficina, forte, pedreira, sede de ordens religiosas e templo cristão.
Embora esteja agora em ruínas devido a terremotos e pilhagens, o Coliseu sempre foi visto como símbolo do Império Romano, sendo um dos melhores exemplos da sua arquitetura. Atualmente é uma das maiores atrações turísticas em Roma e em 7 de julho de 2007 foi eleita umas das "Sete maravilhas do mundo moderno". Além disso, o Coliseu ainda tem ligações à igreja, com o Papa a liderar a procissão da Via Sacra até ao Coliseu todas as Sextas-feiras Santas.
Em dezembro de 2011 fragmentos da construção passaram a cair em vários dias. A construção tem 3 mil fissuras catalogadas e deve ser restaurada a partir de março de 2012.





O aqueduto de Le Pont du Gard

A ponte do Gard (Pont du Gard em francês) é uma porção de um aqueduto romano situado no sul da França, perto de RemoulinsUzès e Nîmes. Trata-se de uma ponte construída em três níveis que assegura a continuidade do aqueduto que trazia água de Uzès até Nîmes na travessia do rio Gardon (também chamado rio Gard). Foi provavelmente construída no século I a.C..
A ponte do Gard foi construída pouco antes da era cristã para permitir que o aqueduto de Nimes (que tem quase 50 km de comprimento) atravessasse o rio Gard. Os arquitetos e engenheiros hidráulicos romanos que a desenharam criaram uma obra-de-arte técnica e artística.








O Panteão


O Panteão, situado em RomaItália, também conhecido como Panteão de Agripa, é o único edifício construído na época greco-romana que, atualmente, se encontra em perfeito estado de conservação. Desde que foi construído se manteve em uso: primeiro como templo dedicado a todos os deuses do panteão romano (daí o seu nome) e, desde o século VII, como templo cristão. É famoso pela sua cúpula.
O Panteão original foi construído em 27 a.C., durante a República Romana, durante o terceiro consulado de Marco Vipsânio Agripa. Efetivamente, o seu nome está inscrito sobre o pórtico do edifício. Lê-se aí: M.AGRIPPA.L.F.COS.TERTIUM.FECIT, o que significa: "Construído por Marco Agripa, filho de Lúcio, pela terceira vez cônsul".

Corte do Panteão
De fato, o Panteão de Agripa foi destruído por um incêndio em 80 d.C., sendo totalmente reconstruído em 125, durante o reinado do imperador Adriano, como se pode comprovar pelas datas impressas nos tijolos que fazem parte da sua estrutura. A inscrição original, referindo-se à sua fundação por Agripa foi, então, inserida na fachada da nova construção de acordo com uma prática habitual nos projetos de reconstrução devidos a Adriano, por toda a Roma.

Interior do Panteão no século XVIII (pintura de Giovanni Panini).
Adriano caracterizava-se pelo seu cosmopolitismo, viajou bastante pelas regiões orientais do império, e foi um grande admirador da cultura grega. O Panteão nasceu do seu desejo de fundar um templo dedicado a todos os deuses, num gesto ecumênico ou sincretista que abarcasse os novos povos sob a dominação do Império Romano, já que estes ou não adoravam os antigos deuses romanos ou (o que acontecia cada vez mais) adoravam-nos sob outras designações, adotando deuses estrangeiros.
O edifício, circular, tem um pórtico (também denominado pelo termo grego "pronaos") com três filas de colunas (8 colunas na fila frontal, 16 ao todo), sob um frontão. O interior é abobadado, sob uma cúpula que apresenta alvéolos (em forma de caixotões) no interior, em direção a um óculo que se abre para o zênite. Estes alvéolos, além de serem utilizados esteticamente, também foram pensados para diminuir a quantidade de concreto (betão)a ser utilizado na estrutura, tornando-a mais leve. Da base da rotunda até ao óculo vão 43 metros - a mesma medida do raio do círculo da base - o que significa que o espaço da cúpula se inscreve no interior de um cubo imaginário.
Em 608, o imperador bizantino Focas ofereceu o edifício ao Papa Bonifácio IV que o consagrou, em 609, como igreja cristã dedicada a Santa Maria e Todos-os-Santos (Mártires) - nome que mantém atualmente. A sua cúpula é a maior que chegou até nós da antiguidade e foi durante muito tempo a maior de toda a Europa Ocidental, até que Brunelleschi criou a cúpula (duomo) de Florença, completada em 1436.
A consagração do edifício como igreja salvou-o do vandalismo e destruição deliberada que as antigas construções da Roma antiga sofreram durante o início do período medieval. A única perda a registar prende-se com as esculturas que adornavam o tímpano do frontão, acima da inscrição relativa a Agripa. O interior de mármore e as grandes portas de bronze resistiram ao passar do tempo, ainda que estas últimas tenham sido restauradas mais de uma vez.

Aspecto actual do interior do Panteão
Desde o Renascimento que o Panteão é utilizado como última morada de personalidades italianas ilustres, como os pintores Rafael e Annibale Carracci , o arquiteto Baldassare Peruzzi, além de dois reis de Itália: Vítor Emanuel II e Humberto I. A mulher de Humberto IMargarida I, também foi aí sepultada.
Ainda que a Itália seja uma república desde 1947, membros voluntários de organizações monárquicas italiana mantêm uma vigília contínua junto dos túmulos reais, no Panteão. Os republicanos insurgem-se frequentemente contra a prática. A autoridades católicas, contudo, autorizam-na, ainda que seja o Ministério do Patrimônio Cultural Italiano o responsável pela sua segurança e manutenção.
No seu estatuto de exemplar mais bem conservado da arquitetura monumental romana, o Panteão influenciou muito várias gerações de arquitetos europeus, americanos e não só, do Renascimento até ao século XIX. Podemos referir, por exemplo, Andrea Palladio. Muitos auditórios de cidades, universidades e bibliotecas copiam o seu estilo formado pela junção do pórtico à rotunda. A "Rotunda" Thomas Jefferson, na Universidade da Virgínia; a Law Library da Universidade de Columbia ou a Biblioteca Estadual de Victoria, em MelbourneAustrália, são exemplos que não esgotam a versatilidade do modelo.



A pintura
A pintura da Roma Antiga é um tópico da história da pintura ainda pouco compreendido, pois seu estudo é prejudicado pela escassez de relíquias. Boa parte do que hoje sabemos sobre a pintura romana se deve a uma tragédia natural. Quando o vulcão Vesúvio entrou em erupção no ano 79 d.C. soterrou duas prósperas cidades, Pompeia e Herculano. Grande parte da população pereceu, mas as edificações foram parcialmente preservadas sob as cinzas e a lava endurecida, e com elas suas pinturas murais decorativas. A partir do estudo desse acervo remanescente se pôde formar um panorama bastante sugestivo da fértil e diversificada vida artística da Roma Antiga entre fins da República e o início do Império, mas esse conjunto de obras é na verdade apenas uma fração mínima da grande quantidade de pintura produzida em todo o território romano no curso de sua longa história, e justamente por essa fração ser muito rica, faz lamentar a perda de testemunhos mais significativos e abundantes dos períodos anterior e posterior, em outras técnicas além do afresco e de outras regiões romanizadas para além da Campânia.
Roma desde sua origem fora uma ávida consumidora e produtora de arte. Iniciando sua história sob o domínio etrusco, desenvolveu uma arte que lhes era largamente devedora, a qual era por sua vez uma derivação da arte grega arcaica. Assim que conquistou sua independência entrou em contato direto com a cultura grega clássico-helenista, passando a assimilar seus princípios em todos os campos artísticos, inclusive na pintura. Tornou-se uma praxe a cópia de obras célebres e a variação sobre técnicas e temas gregos, e, segundo os relatos, a produção era enorme, a importação de originais também e pinturas gregas eram presas altamente cobiçadas na esteira das conquistas militares. Por causa dessa continuidade deve-se a Roma muito do que sabemos sobre a pintura grega, já que desta cultura não restou mais que um punhado de originais em seu próprio território. Porém, o que foi importado ou produzido pelos romanos em imitação dos gregos também se perdeu quase completamente, o mesmo ocorrendo com a sua produção original. Ainda podemos ver alguns afrescos esparsos e fragmentários espalhados em toda área antigamente dominada pelos romanos, mas se não fosse pela preservação de Pompeia e Herculano em tão bom estado, cujos murais são numerosos e de grande qualidade, a ideia que temos hoje da pintura tanto da Grécia Antiga como da própria Roma Antiga teria de se basear quase apenas em descrições literárias.
A pintura romana exerceu uma influência significativa na evolução da pintura ocidental. Sua tradição reemergiu em vários momentos da história ao longo de muitos séculos, sendo especialmente importante na gestação da arte paleocristãbizantina e românica, e dando muitos subsídios para os pintores do Renascimento, do Neoclassicismo e do Romantismo. Hoje o estudo da pintura romana ainda está em progresso; já foram publicados diversos livros e artigos sobre o assunto, mas um compêndio sobre o mundo romano publicado em 2001 pela Universidade de Oxford considerava a obra de Roger LingRoman Painting (1991), o único estudo extenso e sério disponível escrito sob critérios atualizados, e assim ainda há muito por desvendar e entender em termos de usos e significados. Contudo, a multiplicação das escavações arqueológicas e o aperfeiçoamento dos métodos analíticos prometem trazer mais dados a um campo de grande interesse artístico, histórico e social.












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